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vale a pena comprar ações após tombo de mais de R$ 30 bi de valor?
Economia

vale a pena comprar ações após tombo de mais de R$ 30 bi de valor? 

Tombo e perda de R$ 32 bilhões de valor de mercado: a confiança com a Petrobras (PETR3;PETR4) está mais uma vez quebrada após balanço e sinalizações negativas ou o mercado segue confiante com a tese nas ações da estatal?

Para Daniel Utsch, gestor de renda variável da Nero Capital, o patamar de negociação das ações é baixo, com o atual valuation dos ativos aguentando “bastante desaforo”. Na mesma linha, outras casas reforçaram a confiança com o case, apesar do novo tropeço pós-balanço.

“A ação está negociando a quatro vezes e meia o seu lucro. Para quem tem apetite a uma tese de longo prazo, vejo um retorno bastante atrativo. É um patamar de valuation que ainda aguenta bastante desaforo. Mas cada investidor tem que pensar nesse ativo no contexto do seu portfólio, do seu apetite ao risco”, avalia o gestor.

Cabe ressaltar que as ações da companhia tiveram uma forte queda na sessão pós-balanço, mas não por conta do desempenho operacional da estatal. A companhia reportou números mais ou menos alinhados com as expectativas que o mercado tinha.

Apesar disso, a conversão de caixa foi abaixo do que se projetava e com um capex mais elevado, de US$ 4,1 bilhões. Isso resultou em uma distribuição de dividendos bem abaixo do que era projetado (na casa dos US$ 1,6 bilhão, ante projeção entre US$ 1,9 bilhão e US$ 2,2 bilhões do mercado).

Junto com o resultado, a companhia anunciou que está realizando estudos para re-entrar no segmento de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), segmento do qual a companhia saiu em 2020 com a venda da Liquigás. “Voltar a vender botijão de gás direto para o consumidor não nos parece a melhor alocação de capital”, destacou Bruno Benassi, analista da Monte Bravo.

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Durante a teleconferência de resultados, as sinalizações negativas ganharam ainda mais destaque, com o crescimento da produção e a visão de pressão não recorrente no fluxo de caixa não sendo suficientes para compensar o overhang (excesso de ações no mercado, pressionando os ativos) de investimentos em GLP e distribuição de combustíveis e a baixa probabilidade de dividendos extraordinários em 2025.

Os comentários sobre distribuição de combustíveis pesaram sobre as ações: Magda Chambriard, CEO da estatal, reiterou que a estatal considera uma possibilidade a entrada da petroleira no negócio de distribuição de gás de cozinha. Magda afirmou que, caso seja um bom negócio, seja rentável e alinhado com a estratégia da companhia, não há porque não atuar na distribuição. Assim, a sinalização é de que a administração provavelmente se concentrará em GLP (industrial/agrícola), mas pode estar envolvida em combustíveis e postos de gasolina.

O comentário do CFO sobre a baixa probabilidade de dividendos extraordinários também pesou, embora isso não seja novidade e tenha sido mencionado no contexto da queda dos preços do petróleo. “O novo plano estratégico reavaliará todos os projetos, e apenas aqueles que geram valor permanecerão no portfólio”, aponta o Morgan.

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Visões positivas

Ainda neste contexto, o Morgan segue com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ADRs (recibo de ações negociado na Bolsa de Nova York), com preço-alvo de US$ 17 para os ativos PBR (equivalente aos ordinários).

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“O case de investimento da Petrobras permanece centrado na remuneração aos acionistas, o que – para o bem ou para o mal – está diretamente ligado à alocação de capital e ao nível dos preços do petróleo. Os fluxos de caixa da Petrobras são muito resilientes e podem suportar os baixos níveis dos preços do petróleo”, avalia o Morgan, destacando estar confiante na capacidade da empresa de pagar um rendimento atrativo sobre seus dividendos ordinários e vendo uma boa opcionalidade para dividendos extraordinários caso os preços do petróleo se recuperem da recente queda.

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O UBS BB também segue com recomendação equivalente à compra para os ativos, ainda que apontando que os dividendos abaixo do esperado impõem riscos de baixa ao seu cenário-base de rendimento de 12%.

“Mesmo assim, seguimos com uma perspectiva positiva para a Petrobras, apoiada pelo sólido crescimento da produção nos próximos anos e por resultados financeiros ainda saudáveis, que podem se traduzir em um rendimento de dividendos acima de 10% este ano e estável a valores mais altos em 2026”, avaliam os analistas.

Para eles, o maior debate que tem com os investidores sobre o nome, além do investimento a ser desembolsado, está ligado às expectativas sobre o que será anunciado no Plano de Negócios atualizado de novembro e, em menor grau, às eleições do próximo ano. Embora o plano possa apresentar algumas mudanças nas manchetes, não prevê grandes impactos reais nas finanças da empresa, enquanto acredita que ainda é muito cedo para começar a negociar tendo em vista as eleições de 2026.

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Para Utsch, da Nero Capital, certamente as notícias pós-balanço foram negativas, mas não negativas o suficiente para estragar a tese de investimento.

O gestor também aponta que há uma volatilidade natural com a proximidade das eleições, mas que ela já está bem menor do que a vista em outros pleitos.

“Nós vemos questionamentos, assim como agora com essa volta da distribuição de gás, mas não são, na nossa visão, nem de longe em ordem de grandeza que tinham lá, por exemplo, em 2015 e 2016. Então é uma outra companhia, desalavancada, quase caixa líquido, com operacional bastante saudável. E é diferente a magnitude das coisas que estão sendo discutidas. Assim, deve haver volatilidade, que também aumentará, provavelmente mais próximo do pleito das eleições, e posteriormente também, dependendo do que acontecer nas eleições. Mas não deve ser, nem de longe, a volatilidade que tinha próximo de eleições presidenciais anteriores”, aponta Utsch.

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O Bradesco BBI também aponta que, à medida que nos aproximamos de 2026, as ações da Petrobras normalmente se tornam mais voláteis durante um ano eleitoral. De qualquer forma, segue gostando da combinação de carrego de dividendos (de cerca de 10%) e potencial de valorização. “Dessa forma, mantemos a recomendação de compra”, avalia.

Malek Zein, analista de ações da Eleven Financial, também segue com recomendação de compra para a Petrobras.

O analista vê uma empresa com operações otimizadas, com o custo de extração (lifting cost) em declínio e a perspectiva, conforme mencionado, de um aumento de produção de petróleo em aproximadamente 10% em relação aos níveis atuais, além da expansão no setor de gás natural.

A margem de refino, que espera melhorar com a projeção de preços do petróleo Brent mais baixos no segundo semestre, também contribui positivamente. “Embora a queda nos preços do petróleo não seja, em geral, benéfica para a Petrobras, a melhora nas margens de refino atua como um fator compensatório”, avalia.

Uma elevação da margem de refino, dos atuais 5% para 6% ou 7%, representaria um incremento significativo no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), auxiliando a mitigar os efeitos da queda na produção e impulsionada também pelo aumento da produção e entrada de novas plataformas (FPSOs). “Antecipamos a redução do custo de extração, em parte devido à diluição dos custos fixos, gerando uma alavancagem operacional”, avalia.

O analista projeta que os resultados atuais da Petrobras se mantenham, com um Ebitda entre R$ 55 e R$ 57 bilhões e um fluxo de caixa livre entre R$ 19 e R$ 23 bilhões. “Acreditamos que o crescimento da produção, estimado em cerca de 10% ao ano, somado à solidez financeira da empresa e aos dividendos atrativos, tornam a Petrobras uma opção interessante para investidores que buscam exposição em dólar, considerando que seus resultados são predominantemente dolarizados. A Petrobras pode, portanto, compor uma carteira de investimentos diversificada, tanto em dividendos quanto em outras aplicações domésticas”, aponta o analista.

O BTG Pactual também segue com compra, apontando que, apesar de alavancagem ligeiramente maior, a tese segue construtiva, com potencial de revisão positiva de estimativas de produção e lucros, além de valuation descontado frente a pares latino-americanos.

De acordo com compilação da LSEG com analistas de mercado, de 11 casas que cobrem PETR4, 8 possuem recomendação de compra e 3 de manutenção, com preço-alvo médio de R$ 40,80 (potencial de valorização de 34% frente o último fechamento). Já para os ADRs PBR (equivalente aos ordinários), de 13 casas que cobrem o ativo, 8 recomendam compra e 5 recomendam manutenção, com preço-alvo médio de US$ 14,83 (potencial de alta de 22%).

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