
Mesmo com altos salários, muitas famílias vivem endividadas, presas a crenças herdadas, padrões de consumo insustentáveis e a uma cultura de silêncio sobre finanças dentro de casa. A falta de diálogo, o imediatismo e a busca por aprovação social criam um ambiente propício para decisões financeiras desequilibradas — uma realidade presente tanto em lares de baixa quanto de alta renda.
Essa é uma das principais reflexões trazidas por Thiago Godoy, fundador da Papai Financeiro e mestre pela FGV, durante sua participação no 15º e último episódio da 3ª temporada do programa Mapa Mental, no canal GainCast.
Com base em seu estudo com 400 famílias endividadas e em sua experiência prática com consultoria e educação financeira, Godoy mostra como a inteligência emocional é peça-chave para transformar a forma como lidamos com o dinheiro.
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Transformação pela experiência
“A primeira vez da minha vida que empreendi foi depois de 20 anos no mundo corporativo. A XP foi a última empresa em que fiquei quase 5 anos”, relembra. A transição aconteceu quando a Papai Financeiro deixou de ser apenas uma página no Instagram e virou uma empresa com palestras, cursos e mentorias.
“Tive que tomar uma decisão que não foi fácil, mas tem sido um caminho muito legal de transformação e aprendizado”, afirma. O projeto nasceu da experiência pessoal de se tornar pai.
“Quando eu virei pai, comecei a olhar para essa coisa e pensar ‘caramba, vou ter que planejar’. A gestão financeira da família muda muito quando você tem um filho.”
Segundo ele, o foco, no entanto, vai além da educação financeira infantil. “O mais importante é o pai e a mãe saberem lidar com as finanças. Não adianta você tentar passar para o seu filho se você não tem uma boa gestão financeira”, destaca.
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Crenças que travam
Godoy analisa que a raiz do descontrole financeiro está muitas vezes em comportamentos inconscientes.
“O pior problema é a falta de comunicação sobre dinheiro dentro da família. Pode ter certeza de que quando há renda suficiente, mas a família está endividada, é porque não há um diálogo aberto e transparente dentro de casa”, aponta.
Além disso, ele destaca a influência de traumas familiares e padrões aprendidos na infância como elementos determinantes para a forma como adultos lidam com o dinheiro.
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“A infância tem um papel essencial. As crenças financeiras são passadas de geração em geração. É o que chamamos de heranças intergeracionais de uso do dinheiro.”
No seu livro Emoções Financeiras, Godoy aprofunda essa discussão e propõe um novo olhar sobre o dinheiro.
“Quero provocar no leitor uma nova visão do que é o dinheiro e qual o seu significado na vida. O livro tem uma linguagem leve, acessível e traz exercícios práticos para você se equilibrar financeiramente”, explica.
Para ele, educação financeira sem autoconhecimento e inteligência emocional é ineficaz. “Você tem que identificar os desequilíbrios, fazer a leitura deles e ter um senso crítico sobre si mesmo. Por que está dando errado?”, questiona.
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Em sua metodologia, ele define uma jornada baseada em três pilares: autoconhecimento, autorresponsabilidade e autocontrole.
Como recomendação prática, ele orienta que os pais comecem a introduzir o tema do dinheiro no dia a dia com os filhos desde cedo, criando objetivos em família, fazendo listas de mercado juntos, explicando escolhas de consumo e, mais adiante, incentivando o uso consciente de mesadas.
“É muito importante uma criança ter o dinheiro dela, que ela possa gastar do jeito que quiser, incentivando o uso consciente de mesadas, como forma de desenvolver autonomia financeira desde cedo.”
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