Quatro companhias do setor elétrico divulgaram seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2025 (2T25) na noite desta quinta-feira (7), apresentando desempenhos variados que refletem os diferentes desafios e dinâmicas do segmento.
A Energisa (ENGI11) foi o destaque positivo do período, entregando resultados ligeiramente acima do consenso de mercado, sustentado por volumes robustos de energia distribuída.
Segundo a XP Investimentos, o desempenho refletiu volumes resilientes e controle das despesas PMSO (Pessoal, Material, Serviços de Terceiros e Outras despesas em orçamentos empresariais), além da redução sequencial das perdas de energia e manutenção dos indicadores de qualidade abaixo dos limites regulatórios. No entanto, despesas financeiras vieram acima do esperado devido a um efeito não recorrente, impactando o lucro líquido, que ficou 6% abaixo da expectativa.

O Itaú BBA avalia que a Energisa demonstrou sólido controle de despesas operacionais no 2T25. Os números consolidados de PMSO diminuíram 2,8% em relação ao ano anterior, em comparação com uma inflação de 5,3%. Além disso, a unidade de distribuição da Energisa reportou um aumento de PMSO de aproximadamente 3,9% em relação ao ano anterior, também abaixo da inflação.
Já o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) recorrente da Energisa atendeu às expectativas do BBA, apresentando um aumento significativo em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado pelo segmento de distribuição. No entanto, o desempenho do segmento de geração distribuída foi o ponto baixo do trimestre.
O Itaú BBA reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 63,70.
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O Morgan Stanley destacou que o lucro líquido ajustado de R$ 441 milhões ficou ligeiramente abaixo da previsão, principalmente devido a despesas financeiras maiores do que o esperado.
O Morgan reiterou classificação de compra e preço-alvo de R$ 58.
A Alupar (ALUP11), reconhecida pela previsibilidade do seu negócio, apresentou resultados operacionais amplamente em linha com as expectativas da XP. O segmento de transmissão teve desempenho esperado, enquanto geração superou as expectativas, mas o aumento das despesas corporativas compensou esse destaque positivo.
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O Itaú BBA avaliou que os resultados da Alupar para o 2T25 ficaram em linha com as expectativas, com EBITDA recorrente apresentando alta de 5,4% em relação ao ano anterior. O EBITDA ajustado (excluindo equivalência patrimonial) foi de R$ 680 milhões, próximo à estimativa do banco de R$ 691 milhões, confirmando a performance esperada.
O BBA projeta que a alavancagem da Alupar permanecerá acima de 3,0 vezes nos próximos anos, devido a desembolsos significativos de capex, mas espera que o processo de desalavancagem se acelere a partir de 2028, com a relação dívida líquida/EBITDA caindo para abaixo de 3 vezes.
Sobre dividendos, a empresa aprovou a distribuição trimestral de R$ 69,2 milhões (R$ 0,21 por unit), com pagamento previsto para até 60 dias após aprovação, e negociação ex-dividendos a partir de 15 de agosto. O Itaú BBA estima um dividend yield (dividendo em relação ao preço da ação) de cerca de 0,7% para este pagamento e projeta um dividend yield total próximo a 3,8% para 2025.
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O BBA manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 41,02.
O Morgan Stanley destacou que a Alupar apresentou EBITDA regulatório de R$ 680 milhões no 2T25, crescimento de 5% ano a ano, porém ligeiramente abaixo das expectativas. O lucro líquido superou as projeções, impulsionado por resultados financeiros positivos.
No segmento de transmissão, o EBITDA cresceu 3%, beneficiado pela atualização inflacionária da Receita Anual Permitida (RAP) e pela entrada parcial do projeto ELTE. A geração e comercialização tiveram EBITDA 17% maior, com preços médios de venda mais altos, apesar da queda nos volumes vendidos e aumento dos custos.
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O Morgan Stanley manteve recomendação equivalente à neutra, com preço-alvo de R$ 32.
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Por outro lado, Auren (AURE3) e Engie (EGIE3) reportaram resultados abaixo das projeções, impactadas pelos desafios persistentes enfrentados pelo setor elétrico, especialmente as restrições relacionadas ao curtailment — limitações impostas à geração de energia renovável para equilibrar a rede elétrica.
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A Auren registrou EBITDA ajustado de R$ 889 milhões, 5,5% abaixo da estimativa da XP e cerca de 5% abaixo do consenso, principalmente pela performance inferior no lucro bruto de energia, impactado pelo curtailment. A produção eólica ficou em 102% do P90, mas o recurso eólico pouco acima do P50.
O segmento de trading desacelerou em relação ao 1T25. A empresa reportou prejuízo de R$ 563 milhões, reflexo da alta alavancagem pós-aquisição da AES e da sazonalidade. A alavancagem caiu ligeiramente para 4,8 vezes dívida líquida/EBITDA.
Já o Morgan Stanley destacou as margens brutas abaixo do esperado, provavelmente devido aos resultados de alocação hidrelétrica e comercialização de energia.
O Morgan Stanley mantém recomendação neutra para a Auren. O banco destaca que a empresa combina escala — sendo a terceira maior geradora de energia do Brasil — com um portfólio diversificado de geração, um forte braço de comercialização, líder de mercado, e uma equipe de gestão altamente qualificada. Espera-se que a Auren continue apresentando melhorias operacionais e mitigando riscos, mesmo diante da atual turbulência macroeconômica.
No entanto, o Morgan Stanley fundamenta sua recomendação neutra em dois pontos principais: primeiro, a ausência de catalisadores significativos no curto prazo até que a empresa reduza seu nível de alavancagem; segundo, a preferência relativa por outras ações do setor de concessionárias de serviços públicos.
Na avaliação da XP, a Engie (EGIE3) teve desempenho fraco, com EBITDA ajustado de R$ 1,54 bilhão, 6,5% abaixo do consenso e 10% inferior às projeções da XP, devido principalmente ao impacto maior do que o esperado do curtailment.
Segundo a XP, o resultado financeiro também decepcionou, mas o desempenho da TAG superou expectativas e ajudou a mitigar os efeitos negativos. A alavancagem subiu para 2,9 vezes dívida líquida/EBITDA, com perspectiva de ultrapassar 3 vezes durante o ano. Para controlar a alavancagem, a empresa mantém payout mínimo de 55%, com dividend yield anualizado de cerca de 4%.
O Itaú BBA, por sua vez, avaliou os resultados da Engie como negativos. O banco destacou que o EBITDA ajustado da companhia, excluindo equivalência patrimonial, ficou em linha com a estimativa, apresentando um leve crescimento anual, impulsionado principalmente pela entrada em operação dos ativos renováveis. Esse avanço ajudou a compensar os preços menores no mercado livre e a estratégia de alocação da empresa no trimestre.
O banco ressaltou que a carteira de energias renováveis da Engie foi impactada pelos efeitos de curtailment (restrições de operação), que representaram cerca de 14% da geração total da empresa (12% da geração eólica e 23% da solar), embora com menor intensidade que no trimestre anterior. Esses impactos foram parcialmente compensados pelo início completo das operações do complexo Santo Agostinho e pelo início parcial dos complexos Serra do Assuruá e Assú Sol, resultando em um crescimento de 46% na geração renovável total ano a ano.
O banco finalizou destacando o aumento expressivo nas despesas com PMSO, que cresceram mais de 18% ano a ano, com elevação significativa nos gastos com materiais e serviços de terceiros (+41,5% ano a ano).
O BBA manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 42,77.
O Morgan Stanley comentou que o desempenho da geração de energia, tanto na margem bruta quanto nas despesas PMSO, foi o principal fator para o resultado inferior, enquanto os números da transmissão de energia permaneceram em linha com as expectativas.
O lucro líquido de R$ 516 milhões também ficou abaixo da previsão, refletindo os resultados operacionais e financeiros mais fracos, parcialmente compensados por uma equivalência patrimonial da TAG superior ao esperado.
O Morgan manteve recomendação de venda e preço-alvo de R$ 36.
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