Os Estados Unidos anunciaram uma recompensa histórica de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. O valor é o mais alto da história, superando até mesmo o que foi oferecido pelo terrorista Osama Bin Laden após o atentado de 11 de setembro.
Desde 2020, durante o primeiro mandato de Donald Trump, o país acusa Maduro de crimes de narcotráfico e terrorismo. Mas o ditador venezuelano não é o único “procurado” pelos Estados Unidos.
O país possui uma diversidade de programas para sancionar e oferecer recompensas por informações de traficantes, terroristas e outros criminosos que são considerados perigosos para a segurança nacional americana.
Rewards for Justice (RFJ)
Esse programa, lançado em 1984, se propõe a obter informações precisas sobre indivíduos ou organizações envolvidas com terrorismo, interferência estrangeira nas eleições americanas, atividades cibernéticas maliciosas direcionadas por estrangeiros contra os Estados Unidos e mecanismos financeiros de indivíduos envolvidos em atividades de apoio ao regime norte-coreano.
Segundo o próprio site do governo, já foram distribuídos mais de US$ 250 milhões a mais de 125 pessoas que forneceram informações úteis que levaram terroristas à justiça, interromperam ataques ou financiamentos terroristas ou interromperam mecanismos financeiros daqueles envolvidos em atividades ilegais para apoiar a Coreia do Norte.
Um caso emblemático envolvendo a RFJ foi a prisão do terrorista paquistanês Ramzi Ahmed Yousef, mentor do atentado com caminhão-bomba no World Trade Center, em fevereiro de 1993, na cidade de Nova York, que matou seis pessoas e feriu mais de mil.
Segundo o governo americano, depois do atentado, Yousef conseguiu deixar o país em um avião para o Paquistão. A RFJ pagou uma recompensa de US$ 2 milhões por informações que levaram à captura do terrorista.
Em 2003, a RFJ pagou uma recompensa de US$ 900 mil a três pessoas que forneceram informações sobre a localização de Edgar Navarro, comandante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), após o sequestro de um avião americano na selva colombiana.
As FARC e seus aliados locais assassinaram dois ocupantes da aeronave, o cidadão americano Thomas Janis e o sargento colombiano Luis Alcides Cruz. Naquele ano, três informantes lideraram uma equipe de soldados colombianos até o acampamento de Navarro na tentativa de capturá-lo e a outros membros das FARC. Navarro foi morto no tiroteio com tropas do Exército. Outros três americanos que estavam no avião foram posteriormente resgatados em 2008, em uma operação militar colombiana.
Há dezenas de casos ainda não solucionados com recompensas válidas oferecidas pelo RFJ.
Global Criminal Justice Rewards Program (GCJRP)
Esse programa integra o Departamento de Estado dos EUA e oferece recompensas de até US$ 5 milhões a indivíduos que fornecerem informações que levem à prisão, transferência ou condenação de cidadãos estrangeiros acusados de crimes contra a humanidade, genocídio ou crimes de guerra.
O Escritório de Justiça Criminal Global (GCJ) atua em coordenação com parceiros do dentro do governo, governos estrangeiros, tribunais internacionais e organizações não governamentais. O GCJRP já pagou mais de US$ 8 milhões em recompensas a informantes que já contribuíram em mais de 20 casos pelo mundo.
Os EUA pagaram recompensas por informações sobre muitos indiciados pelo Tribunal Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia (TPIJ).
Um dos casos envolve Radovan Karadžić, ex-presidente da chamada República Sérvia da Bósnia e Herzegovina. O TPIJ indiciou Karadžić por genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra, incluindo os cometidos durante o cerco de Sarajevo e em Srebrenica.
Karadžić escapou da captura por décadas, segundo o site do governo. Ele se escondeu em 1997 e vinha se passando por médico especializado em medicina alternativa em Belgrado e Viena sob um nome falso. Ele foi finalmente preso em 21 de julho de 2008, em Belgrado.
Atualmente, há uma recompensa em aberto por quatro terroristas no Congo: Evariste Ilunga Lumu (também conhecido como Beau-Gars); Mérovée Mutumbo; Gérard Kabongo; e Jean Kutenelu Badibanga (também conhecido como Kutenelu).
Eles são procurados pelos papéis nos assassinatos em 2017 de Michael J. Sharp e Zaida Maria Catalán, membros do Grupo de Peritos da ONU sobre a República Democrática do Congo (RDC) e que trabalharam na parte oriental da RDC durante muitos anos.
O comboio no qual estavam foi emboscado próximo da vila de Moyo-Musuila, onde foram “julgados e condenados” diante de milicianos e moradores reunidos, supostamente por serem mercenários agindo em nome das Forças Armadas da RDC (FARDC).
Transnational Organized Crime Rewards Program (TOCRP)
O Programa de Recompensas para o Crime Organizado Transnacional (TOCRP) atua ao lado de autoridades policiais para desmantelar o tráfico ilícito e outras redes criminosas transnacionais.
O Secretário de Estado, Marco Rubio, tem a autoridade legal de oferecer recompensas de até US$ 25 milhões por informações que levem à redução do crime transnacional, ao desmantelamento de mecanismos financeiros que o viabilizam e à prisão e/ou condenação de membros e líderes dessas organizações.
Há vários casos abertos atualmente no TOCRP. Um deles é para captura do hacker chinês Zhou Shuai, identificado como uma ameaça desde a década de 1990 e associado a um grupo de ameaças persistentes avançadas (APT27).
Segundo o site do programa americano, Zhou é conhecido por ter amplos contatos dentro do ecossistema de hackers chinês e do regime de Xi Jinping. Outros integrantes desse grupo também são procurados com recompensas de até US$ 2 milhões.
Ainda, há na lista indivíduos russos envolvidos com invasões de computadores visando empresas dos EUA e com tráfico de dados de cartões de pagamento roubados. Em 2024, o Departamento de Estado dos EUA também anunciou três recompensas totalizando até US$ 12 milhões por informações que levem à prisão ou condenação de líderes do Tren de Aragua, gangue iniciada na Venezuela e com atuação transnacional.
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