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BBI explica queda da B3 após tarifa e traça cenários
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BBI explica queda da B3 após tarifa e traça cenários 

A piora recente do mercado de ações brasileiro tem mais a ver com o sentimento dos investidores do que com os potenciais efeitos econômicos das tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A afirmação é da equipe econômica do Bradesco BBI, que, com recomendação overweight para o Brasil (exposição acima da média), vê que os números apontam para um risco controlado, mesmo em cenários extremos. “Não será a matemática que poderá quebrar o mercado, mas sim o humor”, ressaltou o banco.

Ainda assim, segundo os analistas, o desempenho do Morgan Stanley Capital International (MSCI) Brasil, índice que acompanha o desempenho de ações em diferentes países, segue pressionado, com queda de 6% desde o anúncio em 9 de julho, e desempenho 9% inferior ao MSCI EM (mercados emergentes) e ao S&P 500 (índice das 500 maiores empresas dos Estados Unidos).

Conforme a equipe do Bradesco Economics, os possíveis efeitos econômicos das tarifas são manejáveis. No primeiro exercício, com tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, estima-se uma perda de cerca de R$ 15 bilhões em exportações. Isso poderia levar o câmbio para R$ 5,75 por dólar, adicionar 35 pontos-base à inflação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) em 0,6 ponto ao longo deste ano e 2026.

A análise, baseada no modelo do Banco Central, sugere que o efeito sobre as projeções de inflação no médio prazo seria entre dez e 20 pontos-base, mantendo a política monetária inalterada.

Já num cenário mais radical, com tarifas de 100% mantidas por um período mais longo, o impacto sobre a conta corrente poderia chegar a US$ 33 bilhões. Nesse caso, o real teria uma depreciação estimada de 13,5%, com a moeda indo para R$ 6,20 a R$ 6,30. A inflação poderia subir 90 pontos-base e o PIB recuar 1,2 ponto.

Ainda assim, o Bradesco diz que com a aplicação da elasticidade esperada no modelo do Banco Central, o efeito sobre a trajetória da taxa Selic permanece neutro. Isso quer dizer que nenhuma das simulações justifica uma mudança no atual curso da política monetária.

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Enquanto isso, o mercado acionário local segue pressionado. Analistas avaliam que o desempenho inferior do MSCI Brasil repete padrões vistos em episódios anteriores de risco tarifário. Segundo eles, em eventos semelhantes, os mercados mais afetados caíram em média 12%, com a pior queda chegando a 19%. A recuperação levou, em média, 21 pregões, com o caso mais lento exigindo 34 dias para voltar ao nível anterior ao anúncio. Já se passaram 14 pregões desde a fala de Trump, e a Bolsa brasileira segue sem recuperar o terreno perdido.

A performance do real tem sido mais estável. Nas contas do Bradesco, a moeda recuou apenas 2% a 3% no período, cerca de R$ 0,10, e os juros de longo prazo subiram cerca de 30 pontos-base. O prêmio de risco das ações brasileiras, medido pelo MSCI Brasil, permanece estável em torno de 400 pontos-base desde meados de junho.

Na visão da equipe de estrategistas, esse comportamento do câmbio e da curva de juros reforça a leitura de que a reação negativa da Bolsa tem sido guiada mais pelo humor global do que por fundamentos. A matemática, por enquanto, segundo eles, ainda não justificaria tamanho pessimismo.

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80% de chance de 50% de tarifaço e os 3 cenários

Os estrategistas veem uma projeção do mercado de aproximadamente 80% de os EUA confirmarem as tarifas de 50% em 1º de agosto, o que levou a uma maior aversão a risco.

Assim, o BBI usou um modelo para testar o risco/retorno para os três principais cenários tarifários para ações brasileiras, que seguem abaixo:

(a) Desescalada – Este é o cenário mais otimista, mas também o considerado mais improvável pelos investidores. Assume-se que uma tarifa de 15% seria implementada após as negociações, semelhante à observada com a União Europeia e o Japão.

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(b) Impasse prolongado – O cenário base dos investidores parece ser a implementação de tarifas de 50% por um período prolongado. Realizando uma análise conservadora de sensibilidade aos lucros, usando a exposição de vendas nos EUA de cada componente do MSCI Brasil e ausência de redirecionamento de exportações, isso leva a um corte potencial de apenas 1,3% nas estimativas de lucros do índice.

(c) Escalada – Este é o cenário de “risco” mais provável, de acordo com os investidores. O impacto potencial nos lucros do MSCI Brasil é de -2,5%.

O BBI segue assim overweight em Brasil e vê a fraqueza significativa como uma oportunidade de compra. “O Brasil continua sendo um dos mercados mais baratos do mundo, com um desconto duplo na avaliação de ações e câmbio, benefícios subestimados de fluxos estrangeiros e locais e dois catalisadores para o segundo semestre”, aponta o banco, que vê como maior risco para a sua projeção uma improvável escalada prolongada no impasse tarifário e/ou uma capitulação do sentimento do investidor.

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