O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, afirmou nesta quarta (23) que a Casa Branca – a sede do governo dos Estados Unidos – está dificultando o contato para que o Brasil negocie o tarifaço de 50% imposto pelo presidente Donald Trump, e que entra em vigor daqui a 8 dias.
O governo brasileiro corre contra o tempo para negociar a taxação ou, pelo menos, adiar o início da cobrança, mas enfrenta resistência mesmo estando em contato com secretários americanos.
“Estamos fazendo tentativas de contato reiteradas, mas há uma concentração de informações na Casa Branca. Alckmin está tendo contato com secretários. No nosso caso da Fazenda, temos contato com a equipe técnica do Tesouro americano, mas não com o secretário”, disse a jornalistas.
VEJA TAMBÉM:
Lula conversa com presidente do México sobre “incertezas” com tarifas de Trump
Fernando Haddad frisou que “para ter um acordo, precisa ter vontade recíproca”, e que espera “que isso vá acontecer”. Apesar da dificuldade, o ministro se diz confiante de que uma solução será encontrada até o dia 1º de agosto.
“Nós tivemos boas surpresas em relação a outros países nos últimos dias. Então, nós podemos chegar à data do dia 1º com algum aceno e alguma possibilidade de acordo. Para haver acordo, precisa haver duas partes sentadas à mesa para chegar a uma conclusão”, pontuou.
Ainda de acordo com ele, o departamento do Tesouro dos Estados Unidos reconhece que o Brasil quer negociar com o país, mas que esbarra na resistência da Casa Branca. “Daí a dificuldade de entender melhor como vai ser o movimento de lá”, afirmou.
Pelos lados do Brasil, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) já participou de, pelo menos, 19 reuniões com representantes do setor produtivo brasileiro, e fará mais duas rodadas de encontros nesta quinta (24) com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e com o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV).
Também conta como uma possível vantagem para o Brasil a expectativa de avançar em uma negociação assim como outros países já fizeram, como o Japão, a Indonésia, as Filipinas e os da União Europeia.
“Então está acontecendo rodadas de negociação. Vai chegar a vez do Brasil. E nós temos que estar preparados para quando sentarmos à mesa, nós temos que expor o nosso ponto de vista com base técnica. Nós queremos um debate técnico”, completou.
Ainda aos jornalistas, Haddad afirmou que o plano de contingência para socorrer as empresas brasileiras afetadas pelo tarifaço será apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na próxima semana. A medida a ser tomada, no entanto, será discutida também com outros ministérios envolvidos, entre eles o das Relações Exteriores.
Na terça (22), o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que o plano será aplicado pontualmente nos setores atingidos e que terá o “menor impacto fiscal possível”. Há a preocupação de que a ajuda afete o cumprimento da meta fiscal deste ano, que é zerar o resultado primário.
Em paralelo, o Brasil levou o tarifaço à Organização Mundial do Comércio (OMC) e afirmou que o ato de Trump foi arbitrário, com um “ataque ao Sistema Multilateral de Comércio” e “violação flagrante dos princípios centrais que sustentam” a entidade.
Fique conectado