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12 motivos do Brasil ser ameaça à segurança nacional dos EUA
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12 motivos do Brasil ser ameaça à segurança nacional dos EUA 

O Brasil recebeu a classificação inédita de ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos. Ela foi anunciada em um memorando oficial divulgado pela Casa Branca na última quarta-feira (3) e fundamenta a ordem do presidente Donald Trump de sobretaxar produtos brasileiros em 50% no que classifica como ações arbitrárias e tirânicas do governo brasileiro para coagir e censurar empresas americanas de redes sociais, praticar abusos de direitos humanos e fazer perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para analistas ouvidos pela Gazeta do Povo, a decisão reflete, contudo, o temor do governo americano de que o Brasil adote o roteiro que levou à ditadura venezuelana, justificado por ações de Moraes incompatíveis com a liberdade de expressão, os direitos humanos e o Estado de Direito.

Segundo eles, o risco à segurança nacional dos EUA não vem só de restrições a empresas e cidadãos dos EUA e perseguição política a Bolsonaro, mas também de uma profunda insegurança jurídica, do avanço da governança autoritária sustentada pela aliança entre Executivo e Judiciário e de posicionamentos geopolíticos hostis.

Veja abaixo uma lista de ações do governo e do STF que podem estar motivando o aumento das tarifas americanas.

Fatos associados ao Brasil que podem sugerir ameaça à segurança dos EUA

  1. O Brasil autorizou a atracação dos navios de guerra iranianos IRIS Makran e IRIS Dena no Rio de Janeiro, apesar de alertas dos EUA sobre sanções e suspeita de transporte de tecnologia militar (fevereiro de 2023). Levantou-se a possibilidade na época de que os navios teriam vindo buscar urânio enriquecido no Brasil, mas isso não foi comprovado.
  2. Lula recebeu Nicolás Maduro, com honras de chefe de Estado em Brasília, gerando críticas internas e externas (maio de 2023) devido à tentativa do governo brasileiro de legitimar a ditadura venezuelana.
  3. Ministros brasileiros participaram do Fórum de São Petersburgo ao lado dos ditadores Vladimir Putin, da Rússia; Kim Jong-un, da Coreia do Norte; e Bashar al-Assad, da Síria (junho de 2024).
  4. O vice-presidente Geraldo Alckmin compareceu à posse de Masoud Pezeshkian, que ocupa o cargo de presidente do Irã, mesmo após o país reafirmar apoio ao grupo terrorista Hamas (julho de 2024).
  5. O Brasil apoiou um processo judicial da África do Sul na Corte Internacional de Justiça que condena as incursões militares de Israel em Gaza (2024).
  6. Lula participou de evento militar em Moscou ao lado de ditadores e reforçou o apoio do Brasil à Rússia. O Brasil vem mantendo importações de fertilizantes e óleo diesel da Rússia, contrariando sanções ocidentais e ameaças do governo Trump de que o país será punido se continuar com as importações (maio de 2025).
  7. Em entrevistas, Lula comparou a ascensão de governos de direita, como o de Trump, ao surgimento do nazismo no século passado.
  8. O Brasil reintroduziu a exigência de visto para turistas americanos, alegando reciprocidade (2022–2024).
  9. Nas cúpulas dos Brics (bloco diplomático formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia, Indonésia e Irã) Lula defendeu substituir o dólar como moeda global, gerando reação do governo Trump (2024).
  10. O Brasil lidera o desenvolvimento do BricsPay, um sistema eletrônico de compensação de pagamentos que também funciona como uma alternativa à realização de transações comerciais em dólar. O próprio PIX é visto como uma ferramenta que pode concorrer localmente com o sistema bancário do Ocidente.
  11. Acordos com a China facilitaram a entrada de carros elétricos chineses no Brasil, prejudicando a competitividade de empresas americanas (2024).
  12. Lula solicitou a Xi Jinping, da China, cooperação para controlar redes sociais. Antes, Alexandre de Moraes bloqueou a plataforma X e congelou ativos da Starlink, provocando reação do Congresso dos EUA (maio de 2025).
  13. O Brasil recusou o pedido americano para classificar as facções PCC e Comando Vermelho como organizações terroristas (maio de 2025).
  14. O governo brasileiro criticou reiteradamente a resposta militar de Israel aos ataques do Hamas, rotulando Tel Aviv como genocida (outubro de 2023).
  15. Lula chamou Trump de “imperador do mundo” e ameaçou retaliar os Estados Unidos pelo aumento de tarifas comerciais.

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Para Márcio Coimbra, presidente do Instituto Monitor da Democracia, o tarifaço não reflete interesses comerciais, mas a avaliação estratégica sobre riscos do Brasil à segurança nacional dos EUA, representados por decisões judiciais brasileiras e pelo alinhamento internacional do país com atores considerados hostis pelos norte-americanos.

O destaque dado ao ministro do Supremo Alexandre de Moraes no decreto de Donald Trump reflete, segundo Coimbra, o entendimento de que certas decisões do STF impactam a arquitetura de segurança dos EUA. O maior exemplo disso é a censura imposta as redes sociais americanas, que foram coagidas pelo STF a derrubar perfis considerados “antidemocráticos”. A suspensão do X por decisão de Moraes no ano passado também foi um fator que pesou na decisão. Os Estados Unidos entendem que as big techs podem ter prejuízos financeiros com as decisões do STF.

O cientista político também aponta como uma preocupação de Washington a presença crescente empresas iranianas no Brasil e a falta de salvaguardas rígidas. “Visto como patrocinador do terrorismo, o Irã tem se valido de redes comerciais para driblar sanções e financiar operações perturbadoras”, diz.  

“O enfraquecimento de garantias judiciais e a permissividade com parceiros de alto risco tornaram o Brasil um elo frágil na segurança ocidental. Sanções, portanto, [são] uma tentativa de induzir o país a realinhar sua política externa e jurídica com padrões internacionais de defesa e controle tecnológico.

Sanções comerciais dos EUA ao país miram risco de “venezuelização”

A carta de 9 de julho enviada por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com críticas ao STF reativou o debate sobre a “venezuelização” do Brasil. Apesar de desdenhado por muitos, o risco avança desde 2023 com a anulação judicial de prerrogativas políticas e decisões como a derrubada do X e de regulação das redes sociais.

Não só Trump, mas também outros líderes e jornais influentes no exterior têm manifestado preocupação com o futuro da democracia brasileira. Nos EUA, parlamentares já discutiam sanções desde 2024. Na Espanha, a negação de um pedido de extradição feito pelo STF contra o jornalista Oswaldo Eustáquio revelou que a mais alta corte brasileira já é vista com desconfiança no exterior.

Contribuiu ainda para a pressão americana a proximidade de Lula com regimes autoritários – como China, Rússia, Irã e Venezuela –, endossando a sensação de afastamento de valores democráticos ocidentais. Críticas se multiplicaram, sobretudo com o engajamento do Brasil em pautas polêmicas do Brics.

Para analistas, Trump agiu para inibir as tentativas de Lula e demais líderes do Brics de enfraquecer o dólar como meio de pagamento internacional e moeda preferencial de comércio e reserva. O objetivo mais importante, contudo, é tirar o Brasil e outros emergentes da crescente influência de China e da Rússia. Nesta quarta-feira, a Índia, outro membro dos Brics teve suas tarifas comerciais com os EUA elevadas para 50% devido à compra de petróleo da Rússia. As exportações de energia são usadas por Moscou para financiar a invasão da Ucrânia.

Marcha autoritária no Brasil se acelerou, mas ainda encontra resistências

Embora existam características fortes de autoritarismo no Brasil, a estrutura econômica, política e social do país ainda impõe dificuldades a uma plena “venezuelização”. A dependência de investimentos externos e a pressão de setores como o agronegócio e o mercado financeiro são travas que ainda impedem o Brasil de se tornar um regime ditatorial clássico.

Para o cientista político Paulo Kramer, a “moderação” exibida por Trump no tarifaço – tirando da lista cerca de 700 itens exportados pelo Brasil aos EUA e se focando em sanções da Lei Magnitsky contra Moraes – foi uma chance dada ao país para revisar a sua atuação nos Brics e a sua dependência de Pequim. Em entrevista à rede CBS, o representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, afirmou na semana passada que o Brasil poderia ter sido excluído completamente do sistema financeiro ocidental.

No documento de Trump, que cita “políticas, práticas e ações recentes” do Brasil contra a proteção dos cidadãos e empresas americanos, dentro e fora dos EUA, há o alerta de que as práticas brasileiras vão contra a política americana de promover eleições livres e justas. Analistas políticos interpretaram a frase como um alerta sobre as eleições de 2026 no Brasil.

Jair Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. A Corte entendeu que ele usou a estrutura da Presidência para atacar o sistema eleitoral durante uma reunião com embaixadores em 2022. A decisão o impede de disputar eleições por oito anos a partir do pleito de 2022. Trump classificou essas decisões como uma caça às bruxas.

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